segunda-feira, 29 de julho de 2013

Meninas velhas !





Nossa sociedade anda apressada.
Cada vez mais apressada.
Como se não tivéssemos tempo para nada...
nem para envelhecer.
Mas na realidade, vivemos muito mais nos dias de hoje do que em tempos passados.
Chegar aos 90 não é mais algo inusitado.

Antigamente as mocinhas casavam cedo...
era preciso!
Precisavam ter filhos logo cedo....
era preciso!

Mas qual será a explicação dessa pressa de "envelhecer" nos dias de hoje?
Porque é que meninas com 10 precisam aparentar 25?
Usando roupa de mulher de 30, sapatos de salto alto, maquiagem, chapinha e mechas??

Porque é que não se preserva por mais tempo a infância já tão curta em relação ao tempo que hoje vivemos?

É o que vejo não é somente a sociedade empurrando nossos jovens para o mundo adulto através da mídia onipresente.
São as próprias famílias com seus conceitos "Xuxanizados"....

- "Que lindaaaa"....comentando a foto no facebook, da garota de 11 anos, posando de bikini!

- "Que gracinhaaaa"....comentando os movimentos chulos da menina de 6 anos, que dança o quadradinho de 8!

Nossa educação....se é assim que podemos chamar isso ainda....põe em perigo aquilo, que temos a obrigação de proteger...afinal das contas, nosso mundo é cheio de predadores!

Vale a pena vetar programas de TV...vale a pena vetar comportamentos excessivamente vulgares dos filhos.
Precisamos dar uma meia- volta e ao menos tentar tirar a velocidade dos acontecimentos.

domingo, 28 de julho de 2013

Briga



Brigas.
A maioria das pessoas não gosta.
Nem eu gosto.
Mas também não temo!
Sei que brigas e disputas movem o mundo, fazem parte do cotidiano.....
Há quem afirme que nossa natureza verdadeira é de paz e amor!
Discordo!
Já na primeira infância nossas tendências naturais ficam bem claras.
Tudo que nos cerca é luta ou defesa.
Tudo tem que ser conquistado, até nossa primeira golfada de ar.

Nosso primeiro confronto começa com nossa falta de boa comunicação, ao querer mamar e nossa mãe negar, por achar que precisamos de fraldas limpas primeiro.....

seguímos para o segundo estágio ao proferir o nosso primeiro "NÃO!"....

No terceiro estágio treinamos a nossa agilidade verbal e também nossas condições de combate físico com outras crianças, adolescentes e adultos que cruzam nossos caminhos....

O que queremos?
Ter razão!
Sempre!
O que logicamente não procede.
E exatamente por isso, as brigas, confrontos, debates e discussões são essenciais para elucidar e modificar pontos de vista, restabelecer hierarquias, aclarar um ambiente carregado de animosidades, tirar certas dúvidas e fortalecer uma posição.

Uma boa briga tem que ter bons argumentos de ambos os lados!

Intimidação física NÃO é argumento! É na verdade um sinal de derrota.

Uma pessoa que nunca aprendeu a brigar, discutir e debater, que até teme esse comportamento tão humano, equivale à uma pessoa sentada num barquinho de palha em alto-mar, sem remo, sem vela, sem motor e sem saber nadar....
na primeira tempestade morre!



sábado, 27 de julho de 2013

Ciência aplicada...

Pais devem estar previamente preparados para o fato, que depois do nascimento da prole, sua casa 
(ou seu apartamento) se transformará em laboratório de experiências químicas, biológicas e físicas.




Há, por exemplo, certos quartos de certos filhos em plena adolescência, que deveriam ter um sinal de aviso alertando para o uso de máscaras de proteção e luvas descartáveis!
Esses quartos são terrenos altamente contaminados.
Pratos com restos encrustados de comida, com todo tipo de cultura experimental (.. até qual altura um fungo pode crescer ?? )
Uma filha minha, por exemplo, certa vez tentou criar vida, deixando uma salsicha numa panela cheio d'água, tampada durante 15 dias....ela conseguiu....ao tirar a tampa foi fácil de constatar que ali havia mesmo muita vida!





Fora disso, restos de refrigerante em copos, escondidos e esquecidos debaixo da cama e roupas sujas espalhadas amplamente.


Mas não apenas adolescentes são capazes de fazer exercícios de ciências naturais.
Já na mais tenra idade algumas crianças costumam  fazer análises químicas, examinando atentamente o conteúdo das suas fraldas, espalhando o resultado em todos os cantos do berço e em si mesmo!

Quando são um pouco mais velhos, aparecem as tias e amigas benevolentes, que dão massinha de modelar ou a pintura a dedo de presente para os pimpolhos, que por sua vez tratam de inovar sua decoração, transformando os móveis, carpetes e tapetes, lençóis e sua TV 56 polegadas novinha em folha, em peças de "arte nouveau".....




A massinha de modelar ainda pode ser encontrada anos depois em diversas frestas nas paredes, em estantes e armários pela casa afora!


Há crianças que tentam aplicar as leis da física de maneiras inusitadas.
Alguns pulam do telhado da garagem com um guarda-chuva aberto, treinando para uma futura carreira de paraquedista, outros empurram os irmãos da cama/ cadeira /sofá/ mesa / etc....para determinar velocidade e força da gravidade....

Energia elétrica também é um campo da física, bem interessante.
Minhas filhas, quando eram pequenas tentaram lavar o velho e empoeirado aparelho de TV da sua vó, munidas de esponjas ensopadas de água!
Com a TV ainda ligada na tomada, conseguiram verificar, que a mistura pouco saudável de eletricidade com água, causa (no mínimo!) uma explosão de nível médio!

Sinal de alerta vermelha :

Se houver silêncio demais na hora da brincadeira  =  verifique imediatamente o que está acontecendo!


quinta-feira, 25 de julho de 2013

Perseguida....




Não tenho muita tendência a ser paranoica, mas me sinto perseguida!
Meus obsessores são velhos ditados e provérbios...
Toda minha infância e adolescência eu fugia deles!
Principalmente o meu pai tinha um repertório bastante farto deles, que se encaixavam como uma luva nas mais diversas ocasiões.
Tudo que eu fazia, tinha um comentário certeiro...
Enfadonho!

Por exemplo...numa manhã, depois de ter lido quase a noite inteira aquele livro de ficção de 670 páginas, não consegui acordar com o toque do meu despertador...

- "Filhaaaa....o pássaro que madruga, apanha a minhoca!"

O dia já começou bem e tinha tudo para piorar ainda mais.....
Super atrasada, saí correndo para escola, mas só depois de ter descido a ladeira ...(minha casa ficava numa colina!)..., me lembrei que tinha esquecido a minha mochila!
Voltei!
Meu pai ao abrir a porta, só disse...

- "Ah é...o que não se tem na cabeça, tem que ter nas pernas!"

Cheguei na escola com um tremendo atraso e levei uma bronca da professora. Mas pelo menos recebi uma prova de volta que, para o meu próprio espanto, tinha uma nota bem melhor do que o esperado...
Cheia de orgulho apresentei a nota pro meu pai, que falou...

- "Que bom! Até uma galinha cega encontra um grão de vez em quando!"

Pode isso???

E agora já adulta, percebo que todos aqueles velhos provérbios proferidos por meus pais, penetraram a minha mente tão profundamente, que eu as cito mentalmente para mim mesma, quando acontece algo chato na minha vida!
Eles sempre estão na ponta da minha língua, prontos para serem expelidos compulsivamente nas mais diversas oportunidades, se perpetuando e tiranizando já a próxima geração...:

Meu filho chegando em casa aborrecido. Percebeu que havia sido enganado numa compra, pagando bem mais do que deveria....

- "E você não reclamou quando percebeu o engano??"... perguntei
- "Eu já tinha saído da loja....fiquei com vergonha de voltar..."
- "Ah...pois é...quem não consegue abrir a boca, tem que abrir a carteira!"


Portas e chaves...





Fascinantes portas.
Portas que abrem e fecham .
Espiar pelo buraco da fechadura.
Girar uma chave.
Crianças adoram!
O que pode ser um problema muito grande, se as crianças em questão ainda não desvendaram todos os segredos do uso das portas.... como aconteceu numa bela tarde na minha casa.

Duas crianças, ambas com menos do que 3 anos e uma mãe tão gestante, mas tão gestante, que a barriga parecia uma daquelas bolas cheia de bombons em festa de aniversário de criança!
De fato, o terceiro filho estava prestes a vir ao mundo.
Claro que nesses últimos dias antes de dar a luz, mulheres não estão mais no seu juízo perfeito.
O cansaço, as pernas inchadas, o calor e a sensibilidade não ajudam em absolutamente nada.

A pequena mais velha das duas queria ajudar.
A irmãzinha precisava ir ao banheiro, fazer xixi.
Muito louvável a decisão dela de acompanhar,
ajudar a subir no vaso,
dar o papel higiênico e
lavar as mãos depois....
só que....
ao entrar no banheiro, trancaram a porta.

A mãe, a caminho do quintal para verificar se a roupa estendida no varal já estava seca, escuta um choro angustiado vindo da pequena janela na lateral da casa.

- "O que foi, hein??"

- "uuuuuuuhuuuuuu......"

- "Oi??? O que que há??

- "uuuuuuhhhuuuuuuuuuhhhiiii........"

- "Querida?? Você tá no banheiro??? Você se machucou?????

- "uuuuuuuuuuuuuuuaaaaaaahhhhhhhhh...."

A mãe arranja uma banqueta de algum lugar e sobe para espiar pela fresta da janelinha.
Lá estão as duas fofinhas, fitando a porta trancada.
A menor delas já aos prantos, porque quer sair do banheiro e não consegue.
A mais velha pensativa, porque não tem a menor ideia como se abre a benedita porta!

- "Querida, basta girar a chave!"

- "Já girei, mamãe, mas a porta não abre!"

- "Lindinha, tem que girar para o outro lado!!"

O conceito das palavras "o outro lado", aparentemente não faz nenhum sentido para ela....

Ela bem que tenta girar a chave, mas sempre para a direção errada!
A mãe estuda a situação do banheiro.
A porta não abre do lado de fora....a janela é uma janela basculante, não tem como passar.


A crise do banheiro está tomando proporções angustiantes.
A menorzinha está entrando em pânico.
O local é pequeno, quente e a porta bem fechada.
O choro fica cada vez mais agudo.

- "Querida, você tem que girar a chave para o outro lado!!!"

- "Tou girando mãe, não tá abrindo!!"- enervada......

- "P-a-r-a   o  o-u-t-r-o   l-a-d-oooo!!! Tente de novo, senão vão ter que dormir no banheiro hoje, porque a mamãe não vai conseguir entrar aí!!"

- "uuuuuooooooooooooooohhhhhhhhhh....."

- "Fofaaaa....pegue a chave na mão.....assim......olha pra mim!
....Estou aqui na janela!!!
....Olha aqui pra minha mão!!!"

- "S-s-s-iii-mm......uuuuuuuu......"

- "Cê tá vendo a mão da mamãe???"

- "S-s-s-iiii-mm...uuuuu....."

- "Então, você pega na chave....
assim....
e agora....
você gira pra ....ok?...
Não pra LÁ, viu?? Pra !!!"

Nova tentativa e dessa vez para o lado certo.
A chave gira com alguma dificuldade.
A mãozinha pequena faz o máximo esforço para conseguir a tarefa.
A menor parou de chorar e observa atentamente os acontecimentos.
No lado da janela, a mãe percebe que está a beira de um ataque de nervos.
Uma vontade de dar uns gritos nas meninas, pela besteira que fizeram!

Q-u-a-n-t-a-s  vezes ela já não tinha falado para não girar as chaves de porta nenhuma??!!
Tinha necessidade entrar num banheiro e trancar a porta ???!!!
E se não tivessem conseguido abrir?!
O que podia ter feito???!!!

Mas a vontade de gritar, assim como apareceu, passa.
A vontade de chorar toma o lugar....

"Nessas horas de aperreio, a gente s-e-m-p-r-e está só!" - pensou....
"Todos os dias tem gente até demais em casa, mas quando acontece algo, não tem ninguém!"- constatou....

Sentimentos passageiros...o alívio é maior do que a raiva....faço o que sempre funciona melhor nessas horas....

Rir!



quarta-feira, 24 de julho de 2013

Brinquedos assassinos.....

Quem já tem filhos, sabe :

Shit happens!

Acontecimentos realmente memoráveis, acidentes de tamanhos variados, um amplo leque de possibilidades de enlouquecer os pais....
Eu mesma tenho uma lista de eventos inesquecíveis a meu dispor.

Para vocês terem uma ideia sobre o que estou a falar, tenho aqui um bom exemplo de eventualidade, que vou intitular de :

 O trenzinho







Nosso filho, de 2 anos e meio, estava sentado no meio da sala, curtindo um novo brinquedo que tinha acabado de ganhar do pai.
Um pequeno trem colorido, de rodas dentadas, à pilha, acompanhado por trilhos que criavam um círculo.
O pai montou os trilhos, pôs as pilhas no trenzinho e apertou um pequeno interruptor na lateral da locomotiva.
- brrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrrr....roncava o motorzinho contente....

O filho, todo vestido, começou a se sentir restringido pelas roupas e no calor da empolgação, ficou primeiro sem camisa e depois sem calça.
- Não tire a cuequinha não, viu filho?? O chão tá frio!

Depois desse aviso, ele logicamente teve que ficar nu!

O trem rodava sem parar nos trilhos, dando voltas infinitas....ficou sem graça...

- será que funcionaria  na sala toda?
Não, o trenzinho não rodava bem no chão liso....

- E no meu corpo? Será que anda?
Claro que sim! O trenzinho andava se desse uma ajudinha !
Pequenas mãos empurrando a locomotiva, passando pelos braços,
pelo peito,
descendo em direção as pernas ate o pé,
passando para a outra perna, subindo de novo até....

...o grito!

Depois de alguns anos criando filhos, o ouvido de mãe e pai sabem distinguir os mais diversos tipos de grito. O grito da brincadeira, da raiva, da alegria e também o da dor verdadeira.

Esse é inconfundível!

Todos os membros da família correram para sala.
O pai o primeiro a chegar.
Primeiras tentativas infrutíferas de aliviar a situação...
O menino não gritava mais, berrava!
As rodas dentadas do trenzinho tinham se enroscado na parte mais sensível e infelizmente descoberta do corpo.
As mãos trêmulas do pai nem conseguiam apertar o interruptor da locomotiva....o zumbido do motorzinho continuava....

"brrrrrrrrrrrrrrrrrr...."

Chegou a hora de ação da "Supermãe"!
Essa figura é o alter ego da mãe "normal", que entra em ação somente em situações nas quais todos os demais familiares se desesperam....um dispositivo dado pela natureza.

Afastando o pai "delicadamente" com um empurrão.... procurou e achou o botãozinho de desligamento desse brinquedo do inferno e durante um instante os berros cessaram, porque as rodinhas pararam de remoer.
Enquanto o pai acalentava e segurava o pequeno touro indomável, a "Supermãe" tentava desesperadamente soltar o que precisava ser liberado.
A cada movimento, um grito de desespero.
A face do filho roxo e molhado de suor e lágrimas....
A face do pai lívida.

- Vou tentar só mais uma vez! Se não conseguir, vamos ao hospital!

Ignorando o sofrimento e forçando mais uma última vez a peça emperrada...conseguiu!
Suspiros de alívio de todos os envolvidos.

O pai pegou o brinquedo, pisou nele até quebra-lo em pedacinhos e jogou na lata de lixo...um lugar mais que merecido.

Na verificação dos danos, mais um suspiro aliviado...apesar do local estar inchado e roxo, não havia sangramento.
Maiores intervenções por parte de um pediatra foram desnecessárias.

Teve sorte no azar.


                                                           *******************


Para pais de primeira viagem uma coisa tem que ser avisada :

Não existe brinquedo "inocente" na primeira infância! 

Alguns na verdade, parecem até ter saído diretamente do inferno para atormentar os pais ou os filhos... (como massinha de modelar e pintura a dedo...sobre as quais tenho muitas histórias "divertidas" a contar!)
Minha filha bem pequena certa vez acertou meu olho com o chocalho feito ( de maneira pedagogicamente correta) de madeira!

Claro que não dá para deixar as crianças sem brinquedo, mas é importante lembrar, que muitas vezes os mesmos não são usadas da forma indicada na embalagem ou como se mostra nas propagandas da TV.

Convêm ficar de olho sempre.....



terça-feira, 23 de julho de 2013

Curtas da infância

                                                         

Cleópatra


A primogênita de dois anos sentada na sua cadeirinha.
Em vez de se alimentar como deveria, ela contempla nossa linda gata malhada, de nome Cleópatra.
Nossa filha tem preguiça de falar.
É monossilábica e observadora.
A gata capturou sua atenção se espreguiçando numa cadeira próxima.
Fiquei curiosa! Será que minha filha saberia dizer um nome tão complicado como "Cleópatra"?

- "Qual é o nome do gatinho, filha?"
- "Gato!"
- "Não lindinha, o nome dela!...."
- "Gato!"
- "Não é isso que quero saber, a gatinha tem nome....qual é o nome dela?"

Aparentemente a mamãe ficou burra de vez! -pensou...
As sobrancelhas levantadas, o olhar irritado, inclinando a cabeça ela suspira e explica :

- "Gato, mamãe! Gato me-ow-www !!!"


Desisti!



                                                           
  A Troca



Já era noite. Os filhos ainda estavam no cursinho de línguas e eu esperava por eles, sentada no meu carro. O estacionamento todo ocupado por outros pais esperando seus filhos, por isso só consegui um lugar na rua lateral. Na falta de ocupação, observei os carros estacionados. Um, logo na entrada, igual ao meu. A mesma cor, a mesma marca....dentro dele um senhor bigodudo.

A aula terminou e meus filhos saíram em disparada, um rápido olhar e  gritos diversos...

- "aqui, aqui....eu sento na frente!!"

- "Nãooo...é minha vez!!"

- "Tá danado! Você já sentou na ida na frente...desta vez sou eu!"

Um cotovelando o outro, o outro empurrando um...abriram as portas do carro e sentaram.
Um súbito silêncio e uma repentina fuga ....


Pois é....... o senhor bigodudo não era a mamãe!