domingo, 17 de agosto de 2014

Caçando palavras...




A cabeça é um lugar curioso.
Freqüentemente imagino a minha, como uma grande repartição, cheia de corredores sem fim, um verdadeiro labirinto, com portas que levam para cômodos cheios de prateleiras, onde guardo minhas lembranças, livros que já li, filmes que já assisti, imagens e músicas, cheiros e sabores, emoções e sensações.
Tenho ate uma sala especialmente para "rostos conhecidos", da qual perco constantemente a chave, por isso as vezes não consigo me lembrar quem era aquela senhora que falou comigo no supermercado!
( Que me perdoem, por favor, pelas gafes que já cometi por causa disso!!! )

Como gosto de escrever, tenho várias saletas só para guardar palavras...organizei elas por línguas, esquisitice, dificuldade, rareza, ironia, sarcasmo, tipos de humor e simples uso cotidiano.
Tudo de portas sempre abertas, para ter acesso fácil.

Mas palavras são traiçoeiras!
Elas talvez não gostam do meu sistema de organização, porque vivem se embaralhando e ficam trocando de lugar, principalmente na hora que eu mais preciso delas!
Isso acontece muito comigo...
No momento em qual estou mentalmente formando uma frase e tento começar a escrever, elas começam com sua brincadeira de pique-esconde...e a frase tão bem formulada na minha cabeça, se dissolve lentamente, ficando sem forma definida e sem sentido.
Na tentativa de recuperar e organizar as palavras certas , elas começam a flutuar e se misturar com aquelas de outras línguas.
Nessa hora faço conexões e traduções malucas do inglês pro alemão, pro francês e de volta pro português.
Atendo os caprichos delas, traduzindo palavras que aparecem como telas de "Pop-up" sem propósito algum, como por exemplo a palavra "Finger", que é alemão, mas também existe no inglês e significa "dedo" em ambas....a questão só é : por que cargas d'água (!) estou pensando agora em "dedos" ???
Não há nenhuma ligação "what so ever" com o texto que quero escrever.

As vezes passo um dia inteiro assim, a mercê e na busca das palavras das quais preciso tanto para explicar minhas ideias políticas num debate ou relatar fatos reais ou fantasiosos num artigo ou numa crônica.
Ao contrário daquelas pessoas que parecem flutuar numa incessante corrente rica em palavras que combinam entre si, eu vivo numa constante luta para desenvolver meus textos.

Ainda bem que é disso que gosto.







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