Para compreender os pais é preciso ter filhos...(Sofocleto)
Bem que nossas mães, tias, avós, vizinhas e amigas avisaram....ter filhos é difícil! Na verdade "ter" não é bem o problema..."ter" filhos, muitos tem ate sem querer....cuidar e educar e se comprometer com o futuro deles, isso sim é a parte difícil! Filhos são uma bela caixinha de surpresas. Aquele pacotinho que entregam para você na saída da maternidade é um ser desconhecido, desde cedo cheio de personalidade, só que você não sabe ainda qual! A princípio, tudo parece tão simples. Comer e dormir e....sujar! Por mais fofinho/a ele/a parece, as fraldas tem uma "linguagem" diferente! Te avisaram que você vai passar meses com camisas cheias de "golfadas" ? Pois é!
A comunicação também está longe da perfeição. No início você passa muito tempo tentando adivinhar porque seu pimpolho está chorando/gritando/berrando...as vezes você acerta "ah...cólica!"....as vezes você erra o diagnóstico e o berreiro aumenta de volume. Não subestime o poder de voz de um bebê e eles tem tempo e resistência...duas coisas que você não possui!
Coisas que você faz para agradar seu filho, podem ser um tiro pela culatra. Ate hojé tenho uma foto com minha filha aos berros nos braços do Papai Noel...e o Capitão Gancho do Peter Pan também não foi um sucesso! Quem acredita que haverá um diálogo melhor com o filho depois, quando tiver "maiorzinho" se engana , e muito! Crianças tem o poder de ouvir somente aquilo que querem e ignorar tudo mais. Portanto você passará anos da sua vida tentando explicar que o fogão é quente, que a TV não pode ser lavada com uma esponja e água, que o cachorro vai morder se puxar o rabo dele, que os amiguinhos não podem jogar no laptop de trabalho do seu marido, que ele/a não vão poder ir para aquela festa que "todos" os outros amigos podem ir porque os pais deles deixaram, que o Natal é uma festa de família e por isso seria legal se ficasse ao menos para a ceia.
Você terá que ouvir muitas portas serem batidas com toda força e as vezes vai ser você que as bate!
Você vai explicar porque tem que estudar, porque vai ter que trabalhar, porque vai ter que fazer muitas coisas nada agradáveis, que ninguem realmente gosta de fazer, mas faz por responsabilidade. E esse vai ser seu maior desafio....ensinar responsabilidade.
Você vai tomar duchas frias de desagrado e raiva, mas também haverá banhos quentes de amor e carinho por vezes inesperados. Aquele abraço repentino com aquele beijinho fugaz, aquele elogio que só um filho sabe fazer " você é a mãe mais linda do mundo" ou " você é o melhor pai do mundo"....
Na verdade, ao entregar o pequeno milagre da natureza nos seus braços pela primeira vez, você estará iniciando uma viagem numa montanha russa emocional para o resto da sua vida. Noites mal dormidas para todo o sempre....primeiro por causa do choro, depois por preocupação. Quantas noites você vai ficar acordada esperando ele/a voltar daquela festa...se lembrando de outros pais cujos filhos nunca mais voltaram!
Filhos não são "nossos", são seres com personalidades independentes a partir do corte de umbigo, mas emocionalmente estamos colados neles. Mães de 90 anos com filhos de 70 ainda falam carinhosamente do "meu menino" ou "minha menina".
Claro que nem todas nós somos assim. Há todo tipo de mãe e a imagem de "rainha do lar" ou "super-mãe" é algo que só existe mesmo na propaganda de margarina. Nenhuma mãe de verdade acorda todo dia sorridente, nenhuma mãe aguenta birra por muito tempo.
Mas decidir ser mãe e pai é um comprometimento de longo prazo....ainda mais nos dias de hoje, que os filhos saem de casa numa idade que antigamente era tida como ridículo. Minha geração queria sair de casa aos 18, hoje em dia aos 35 ainda morando com os pais deixou de ser algo "diferente"....virou rotina.
Preocupação também não é algo que você pode "desligar". Pensamentos invadem sua cabeça mesmo sem que você queira.
Há também algumas coisas que famílias podem ter que enfrentar, coisas que exigem muito de todos os envolvidos, se por exemplo um/a filho/a se envolve com drogas ou com os amigos " errados", quando a filha ainda adolescente engravida, quando o/a filho/a passa por um sério problema de saúde como o câncer...ou seja, uma série de problemas que ninguem pode imaginar ao segurar seu filho pequeno nos braços. E ainda bem que a alegria de ter um filho bloqueia todos os enredos das dificuldades futuras, senão já estariamos extintos. Não tem como fazer previsões muito exatas sobre o futuro e isso é bom, porque muitas vezes a vida nos surpreende agradavelmente.
Ter filhos também abre nossa mente e começamos a enxergar nossos próprios pais de forma diferente. Passamos a compreender e conhecer aqueles que por tanto tempo se esforçaram a dialogar conosco, sem que tivessemos muita paciência em ouvi-los. E eles respiram aliviados que finalmente estamos entendendo tudo aquilo que quiseram nos ensinar com tão pouco sucesso....só para logo em seguida trocar as cartas do baralho e nós ficamos novamente com barreiras de comunicação....sabem quando? Exatamente na hora que eles tentam interferir na educação dos nossos filhos! Eles passam a não entender porque nós queremos que nossos filhos não ficam assistindo TV ate a madrugada na casa deles, porque não queremos que eles os mimem demais (para não estragar...hahaha)....e tudo começa de novo. Diálogos truncados e discussões incansáveis, alguma raiva e muito amor...então não se preocupem :
É assim que a vida funciona...
