Já o Brasil tem uma grande massa de mão de obra barata que se oferece. Só que há uma pegadinha nisso e por isso, eu apelidei o Brasil de "inferno de serviço".
O serviço prestado é barato, mas também, na maioria das vezes, mal executado. Temos trabalhadores dispostos, mas em grande parte sem a capacitação adequada. Quem já fez reformas em casa sabe do que estou falando. Os pedreiros fazem até um bom trabalho, mas são incapazes de não sujar todo ambiente, de não deixar frestas sem acabamento ou ficar sem respingar cimento nos vidros das janelas. Os pintores que trabalharam na minha casa, por exemplo, conseguiram pingar tinta por onde passaram no piso recém colocado. Eletricistas apressados não fixam as tomadas da forma correta, por isso pode acontecer que você, ao puxar um plug da tomada, fique com ela lindamente pendurada pela própria fiação, isso se você não levar um choque ainda de brinde.
Quem de vocês nunca questionou a utilidade daquela atendente que parece ter um caso de amor com seu celular particular, enquanto você fica velho na espera de ser atendido por ela? Pensando em profissionais inúteis não podemos deixar de mencionar aqueles famosos funcionários cujo único objetivo na vida parece ser o atrasamento de qualquer processo burocrático possível.
Bons serviços são raros no Brasil, porque faltam profissionais compromissados eticamente com seus empregos e suas profissões. Muitos deles trabalham apenas para ter estabilidade financeira ou porque podem gozar de oito semanas de férias por ano. Essa forma bem brasileira de relacionamento entre o profissional e seu emprego permeia toda sociedade e por isso encontramos profissionais incompetentes em todas as áreas, do trabalhador braçal ao médico, da recepcionista ao juiz. Cada um deles apenas visando o salário, os benefícios trabalhistas e a estabilidade empregatícia, ao invés da vocação, do aperfeiçoamento do serviço e no prazer de fazer um bom trabalho.
A pergunta que não quer calar : Será que vale a pena ter um serviço barato e abundante, mas malfeito??
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